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Sétima Arte - A Barraca do Beijo 2 | Superman: Entre a Foice e o Martelo.


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 24/07/2020
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Para esta semana as indicações da Coluna Sétima Arte exalam o frescor da adolescência. Em tempos de reclusão social, onde novidades e estreias são raridade, podemos até afirmar que essa é uma semana atípica e com boas opções. Nessa edição irei comentar sobre tudo o que se sabe até o fechamento dessa coluna a respeito da grande estreia da Netflix que acontece hoje, A Barraca do Beijo 2, e também sobre a chegada de uma animação bastante intrigante da DC/Warner no serviço on demand, Superman: Entre a Foice e o Martelo.

Vamos começar com a novidade. O ano era 2018 e ninguém esperava que um filme de adolescentes fosse se tornar um imenso sucesso, A Barraca do Beijo era aquele tipo de filme que chega de mansinho e conquista fãs em grande escala, principalmente os mais jovens. Esse filme de 2018 era bastante irregular em seu caráter técnico e desconsiderava toda e qualquer experiência de sucesso de seus antecessores dos anos 1980 (que foi a era dourada das Comédias Românticas Teens). Com um trabalho de decupagem (os cortes e recortes que deveriam dar sentido de sequência e ritmo ao filme) mal feito, uma narração desnecessária e até mesmo um casal de protagonistas que, a princípio, nem parecem combinar, tinha tudo pra dar errado e ser esquecido rapidamente.

Mas, nenhum desses aspectos foi capaz de anular o sucesso que foi A Barraca do Beijo. Isso porque seu grande trunfo estava em sua protagonista, a jovem atriz Joey King. Ela era a alma do filme, seu carisma foi o ponto alto, sua interpretação lembrava muito as mocinhas dos filmes dos anos 1980 e isso bastava para encantar de verdade.

Bem por isso, o filme que, na época era só mais um “made for TV”, ganhou uma legião de fãs e grandes expectativas para sua sequência que chega agora com um grande alarde na Netlix. Gravado antes da pandemia tirar o mundo dos eixos, o filme se tornou uma grande aposta da gigante do streaming e vem enlouquecendo os fãs adolescentes de ansiedade. Sua estreia oficial acontece hoje, por isso, eu ainda não vi e não posso opinar muito a respeito, mas posso adiantar algumas coisas que podem ser esperadas em A Barraca do Beijo 2.

A sequência, ao que tudo indica, irá abordar novamente as peripécias de Elle Evans e suas dificuldades para manter o namoro à distância com o bad boy Noa Flynn. Isso se dá pelo fato dele precisar voltar para a Universidade enquanto ela irá terminar o Ensino Médio. Essa distância entre os dois abrirá espaço para que outras pessoas e interesses amorosos surjam em suas vidas.

O elenco é praticamente o mesmo do filme anterior, mas com as adições de Taylor Zakhar Perez e Maisie Richardson-Sellers. A direção e o roteiro mais uma vez estão nas mãos de Vince Marcello, o que gera bastante curiosidade, afinal, ele amadureceu profissionalmente e vai entregar, dessa vez, um filme mais regular, ou vai manter os erros crassos do primeiro longa? Em breve saberemos. Um filme leve e que vale a pena ser visto, no mínimo, pela diversão.

O segundo filme que eu gostaria de indicar está disponível apenas no serviço on demand, ou seja, você vai ter que desembolsar um pequeno valor para poder apreciá-lo em seu pacote de TV por assinatura, mas vale a pena. Superman: Entre a Foice e o Martelo é uma animação baseada numa grapfic novel do selo “Elseworlds” da DC Comics. As revistas desse selo tinham o objetivo de imaginar os famosos heróis em situações adversas, apresentando sempre realidades paralelas ou alternativas àquelas que fazem parte do cânone clássico dos quadrinhos. Em algumas as personagens são realocadas em outros momentos históricos, já e em outras, como no caso dessa, um pequeno detalhe muda completamente o rumo do que se conhece sobre determinada personagem.

A história concebida por Mark Millar no início dos anos 2000 tenta responder a uma pergunta inusitada: o que aconteceria se o Superman tivesse pousado sua nave na União Soviética ao invés do USA? Essa premissa fez de Superman: Red Son (título original da HQ e também do filme em inglês) uma das séries mais aclamadas da DC Comics e que agora chega em formato de animação.

Um olhar superficial poderia considerar o roteiro confuso, mas, na verdade, ele foi muito bem feito, de maneira que os fatos da trama são inseridos na obra de ficção juntamente com vários fatos reais relevantes da Guerra Fria. Isso enriquece a trama e, é claro, vai levar os historiadores e os amantes de história à loucura ao verem um novo desfecho para a Guerra da Coréia, ou a destruição precoce do Muro de Berlim e também a inexistência da corrida nuclear, que foi substituída por uma corrida pela criação de super-humanos. 

Não pretendo dar muitos detalhes sobre a história para não estragar a surpresa do desenrolar dos fatos, mas talvez um dos aspectos mais relevantes e que deva ser ressaltado seja o cuidado da história em não construir o protagonista como um vilão pelo simples fato dele estar do lado oposto dos USA. Pelo contrário, Superman encarna os ideais de igualdade defendidos pelo socialismo de um jeito muito puro e há verdade e esperança no seu sonho de levá-los para todo o mundo. Mas nesse afã o kryptoniano erra na maneira de executar esses ideais, partindo para uma ação mais voltada à máxima onde “os fins justificam os meios”.

O traço da animação é um diferencial, ele é mais reto e sóbrio do que algumas animações recentes da DC, buscando um distanciamento daquele estilo mais parecido com anime. Mas, mesmo assim, ainda é um traço bem próximo da famosa e icônica série televisiva do Batman dos anos 1990. A meu ver, essa seria uma boa oportunidade para tornar o traço mais alinhado ao estilo soviético de propaganda, tão peculiar, mas ele é visto apenas no prólogo do filme, uma pena.

Por fim, o filme é relevante porque traz questionamentos políticos muito pertinentes, mesmo para uma animação. Dentre eles, talvez o mais gritante seja a discussão sobre os problemas que envolvem a idealização de um regime político. O filme deixa claro que não há um ideal nesse sentido e que, muitas vezes, quando se trata de geopolítica, não existe a dicotomia simples de vilões e mocinhos, mas pessoas ou grupos que buscam fazer o melhor a partir dos ideais que trazem no peito.

Sinceramente eu esperava uma obra mais tendenciosa, capitalista e liberal e me surpreendi com um final redentor e uma abordagem equilibrada de um período tão conturbado da história humana quanto foi a Guerra Fria (mesmo com as liberdades de uma ficção). Superman: Entre a Foice e o Martelo é um filme interessante e que vale a pena ser visto principalmente pelo fato de ser uma excelente animação, que soube aproveitar positivamente seu material de origem e que é capaz de agradar a todos os fãs, independentemente de serem socialistas ou capitalistas. É diversão na medida certa. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


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